Como tudo começou – ou como a literatura lésbica mudou a minha vida

A Vira Letra existe há cinco anos, e eu comecei a trabalhar com literatura lésbica três anos antes de abrir a editora, eu tinha mais ou menos 21.

Mas a primeira vez que eu entrei em contato com literatura lésbica – como leitora! – foi quando eu tinha uns 13 anos (quem aí se lembra do falecido XiB levanta a mão!). E essa foi a primeira vez que eu percebi que poderia me encaixar em algum lugar nessa sociedade – a literatura lésbica me deu esse sentimento de pertencimento.

Eu comecei a história de trás pra frente, fui voltando assim, pra chegar no fato de que – antes de tudo isso! – eu não me encaixava, eu não correspondia ao que era esperado de mim, eu sabia que aquela pessoa que eu “estava sendo” na verdade não era eu, que aquela realidade não era a minha!

Isso é comumum.

Todo esse comportamento acontece porque vivemos em uma sociedade heterossexista e heteronormativa. Mas, afinal, o que é isso?

Heterossexismo é o nome dado ao pensamento de que a heterossexualidade é a única sexualidade existente, desconsiderando e discriminando qualquer orientação sexual diferente dela. E heteronormatividade é o pensamento de que somente a heterossexualidade é normal, e orientações sexuais diferentes dela são marginalizadas, ignoradas ou perseguidas.

Nesse pensamento, todas as pesoas são consideradas heterossexuais até que se prove o contrário. E essa heterossexualidade é imposta às pessoas a todo custo.

Até que você se assuma lésbica, você é considerada heterossexual. As pessoas não perguntam: simplesmente somos consideradas heterossexuais e tratadas como tais até dizermos o contrário. Principalmente se você se encaixar nos padrões que a sociedade enxerga como “normais”.

Isso é muito comum. Mas é extremamente perigoso.

Primeiro porque aquela pessoa que foge do padrão da heterossexualidade, que foge dos padrões na aparência, nos trejeitos, nos gostos, é massacrada.

Olha o perigo disso! Quantas pessoas deixam de ser quem realmente são porque aprendem a se reprimir de uma forma tão forte que nunca vão conseguir ser elas mesmas?

Ta aí, mais uma vez, a importância da representatividade e da visibilidade! E foi isso que a literatura lésbica fez por mim: ela me permitiu quebrar os padrões heterossexistas e heteronormativos nos quais eu vivia.

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